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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Analgesia epidural, riscos reais para mãe e bebê

A analgesia epidural é forma de controle da dor que se baseia na administração de substâncias analgésicas por via peridural (espaço entre a dura-máter e a parede do canal raquidiano na medula espinhal) amplamente empregada para aliviar as dores do parto.
Uma epidural, muitas vezes, diminui o ritmo do trabalho de parto, e a mulher pode ter até três vezes mais chances de receber doses de ocitocina sintética para corrigir a dinâmica (Ramin et al., Howell). A segunda fase do trabalho de parto (TP) é particularmente retardada, levando a um aumento de três vezes a possibilidade de uso de forceps (Thorpe et al.). As primíparas - mulher em trabalho de parto do primeiro filho - são particularmente afetadas e a analgesia epidural pode reduzir suas chances de um parto normal para menos de 50% (Paterson et al.).
Este retardamento do trabalho de parto é, ao menos parcialmente, relacionado com o efeito da epidural nos músculos do assoalho pélvico. Estes músculos guiam a cabeça do bebê para que ele entre no canal do parto na melhor posição. Quando esses músculos não estão trabalhando, pode levar a distócia ou ao lento progresso do trabalho de parto, resulando na necessidade do “fórceps alto” para virar o bebê, ou até mesmo uma cesariana. Ter uma epidural duplica as chances de uma mulher de ter uma cesariana por distócia (Thorp, Meyer et al.).
Quando o fórceps é utilizado ou quando a segunda fase do TP é prolongada demais, realiza-se, normalmente, a episiotomia (corte cirúrgico em que o períneo ou os tecidos entre a entrada da vagina e ânus, são cortados para ampliar a saída e apressar o nascimento). Esta técnica requer pontos e pode tornar sentar-se doloroso até 2 a 4 semanas, quando cicatrizada.
Outros efeitos secundários das epidurais variam dependendo das drogas particulares utilizadas. Prurido ou coceira generalizada da pele é comum quando administradas as drogas opiáceas. Podendo ser mais ou menos intenso, afeta pelo menos 25% das mulheres que recebem, especialmente, morfina ou diamorfina (Lirzin et al e Caldwell et al.).
Todos os opiáceos podem causar náuseas e vômitos, e até um terço de mulheres com uma sob efeito de uma epidural irá experimentar tremores relacionados com o efeito sobre o sistema regulador de calor do corpo (Buggy et al.).
Quando realizada a mais de 5 horas, a epidural pode elevar a temperatura do corpo da mulher (Camman et al.), conduzindo a um aumento da frequência cardíaca de mãe e bebê. Taquicardia fetal (freqüência cardíaca rápida) pode ser um sinal de sofrimento e levar a maiores intervenções e à cesariana.
Há uma notável falta de pesquisa e informação sobre os efeitos das epidurais em bebês. Sabe-se que as drogas utilizadas nas epidurais podem atingir níveis tão elevados quanto os da mãe (Fernando et al.) e, por conta da imaturidade do fígado do recém-nascido, levam muito tempo - às vezes dias - a serem eliminadas do corpo do bebé (Caldwell, Wakile et al.). Embora os resultados não sejam conclusivos, possíveis problemas tais como respiração ofegante e desconforto respiratório nas primeiras horas podem estar relacionados à analgesia também (Bratteby et al.).
Há estudos que sugerem, ainda, que bebês nascidos depois de epidurais podem ter dificuldades na amamentação (Smith, Walker), interferindo também na liberação de ocitocina (Goodfellow et al.), hormônio que, além de provocar o efeito de descida na amamentação, impulsiona o vínculo entre uma mãe e seu filho (Insel et al.).

Texto de Sarah Buckley, traduzido de www.ican-online.org

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